Funcionários do Café Joyeux Lisboa

No Joyeux, a inclusão e alegria são o prato principal

Estava a subir a Calçada da Estrela quando, ao meu lado, passava um dos tradicionais elétricos da cidade. Pensava comigo que o amarelo é, de facto, uma cor feliz e que são estes pequenos apontamentos amarelos que dão alegria a esta cidade. Momentos depois, entrava pela primeira no Joyeux, o novo café de Lisboa, que tem como objetivo a inclusão de jovens com dificuldades cognitivas no mercado de trabalho.

Assim que abro a porta, deparo-me com um espaço bem decorado, com paredes amarelas e um ambiente animado. “Seja bem-vinda ao Joyeux”, diz um jovem, cujo sorriso, escondido pela máscara, está marcado no olhar. Pede-me o certificado de vacinação – como a lei obriga – e informa que o café funciona em pré-pagamento. Outra funcionária passa com um cappucino e, mais uma vez, o sorriso está bem presente no olhar.

O Joyeux é um café bonito que agrada aos olhos, repleto de coisas boas que agradam ao estômago e com uma missão social que aquece o coração.

Desde o final de novembro, quando o Joyeux abriu em Lisboa, que eu queria visitar o espaço. É daquelas iniciativas boas, que nos inspiram e nos mostram que o mundo é um lugar bom. Lembro-me de, há uns anos, ter escrito sobre um restaurante em Tóquio, o Restaurant of Mistaken Orders, onde os funcionários sofriam de demência e, frequentemente, se enganavam nos pedidos. Mas isso, ao invés de ser um problema, tornou-se numa experiência exclusiva. Não é delicioso? Onde muitos veem um problema, para outros é uma oportunidade. Então, foi com imenso entusiasmo que visitei o Joyeux, em Lisboa.

Tive oportunidade de falar com a Filipa Pinto Coelho, a presidente da Associação Vila com Vida, a representante exclusiva da cadeia de cafés Joyeux em Portugal. Depois de cinco espaços em França, este é o primeiro Joyeux fora do país e já é um sucesso.

Nos minutos em que estive à conversa com a Filipa, percebi o motivo do Joyeux funcionar tão bem: é um projeto guiado por alguém de uma enorme empatia e que sabe muito bem o que está a fazer. Sempre com um sorriso e uma atitude acolhedora, a Filipa contou-me como tudo aconteceu, como já sonhava em criar um projeto que permitisse a inclusão e como deseja desmistificar conceitos e mostrar como é possível ter um negócio de sucesso com uma equipa composta por pessoas com limitações cognitivas.

Enquanto conversávamos foram várias as pessoas que entraram e muitos os pedidos entregues. O meu olhar seguiu o caminho de um petit gâteau que passou e dos vários cappuccinos, com uma espuma invejável. Depois de me contar toda a história, que podem ler na publicação que publiquei no Viagens, pedi para falar com um dos funcionários. Encontrámos o jovem que me recebeu à entrada de volta da máquina de café. Chama-se Pedro. Quando a Filipa lhe pergunta se ele pode falar comigo, ele diz que sim, mas só depois de levar umcappuccino à mesa. Uma clara demonstração de profissionalismo e sentido de responsabilidade. A colega imediatamente se dispõe a levar o café à mesa, mas Pedro leva até ao fim a sua tarefa. Servido ocappuccino, Pedro conta-me como foi através de uma outra ação daAssociação Vila com Vida que se tornou funcionário do Joyeux. Ali, faz um pouco de tudo e gosta de o fazer. Quando lhe pergunto se gostava de fazer outra coisa no futuro, ele é assertivo: “Não! Quero continuar a trabalhar aqui”. Neste café faz-se mais do que apenas café e bolos, faz-se a diferença.

Um espaço para visitar no número 26 da Calçada da Estrela, em Lisboa.

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2 Comments

  1. Vou guardar a sugestão!
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

  2. Irei visitar um dia. Fiquei curioso
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    Felicitações poéticas
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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