Visitar a Casa de Julieta em Verona é uma das experiências mais marcantes que já vivi em Itália. Antes de viajar, eu sabia que Verona era a cidade imortalizada por Shakespeare na tragédia “Romeu e Julieta”, mas confesso que não imaginava a força quase magnética que este lugar tem. Ao chegar, percebi rapidamente que não se trata apenas de uma atração turística, é um espaço carregado de simbolismo, lendas, tradições e também de controvérsias.
Conteúdo do Artigo
- 1 A História da Casa de Julieta
- 2 Romeu e Julieta em Verona
- 3 O que ver na Casa de Julieta
- 4 As Cartas de Julieta
- 5 O Filme Letters to Juliet
- 6 A tradição de tocar no seio da estátua de Julieta
- 7 A Casa de Romeu: A Outra Metade Esquecida
- 8 Vale a Pena Visitar a Casa de Julieta?
- 9 Como Visitar a Casa de Julieta
- 10 Onde ficar em Verona
A História da Casa de Julieta
Apesar de Shakespeare nunca ter posto os pés em Verona, a cidade abraçou de tal forma a sua peça que tornou real aquilo que era apenas ficção. A Casa de Julieta (Casa di Giulietta) é um edifício medieval do século XIII, que pertenceu à família Cappello. O sobrenome Cappello soava demasiado parecido com Capuleto (a família de Julieta na peça), e assim nasceu o mito: aquele palácio gótico seria a casa de Julieta Capuleto.
No início do século XX, a cidade decidiu restaurar o edifício e transformá-lo numa homenagem à história de amor mais famosa da literatura. Hoje, é um museu que mistura elementos históricos com encenação romântica: a célebre varanda de Julieta, cartas de amor, figurinos de cinema e espaços que recriam a atmosfera renascentista.
Romeu e Julieta em Verona
Shakespeare baseou-se em tradições orais e histórias italianas pré-existentes, mas foi ele quem deu vida eterna ao casal de amantes. Romeu e Julieta representam a paixão arrebatadora, a luta contra convenções sociais e, infelizmente, a tragédia inevitável.
Passear pelo pátio da Casa de Julieta é mergulhar nesse imaginário coletivo. É quase impossível não recordar as cenas do livro, do teatro ou dos filmes. E mesmo sabendo que Julieta nunca viveu ali, não deixa de ser emocionante.
O que ver na Casa de Julieta
- O pátio com a estátua de Julieta – provavelmente o ponto mais fotografado.
- A famosa varanda – na verdade, foi adicionada apenas no século XX, mas continua a ser o símbolo máximo do romance.
- O interior do museu – inclui quartos decorados, móveis renascentistas e trajes usados em adaptações cinematográficas.
- Cartas para Julieta – milhares de visitantes deixam mensagens nas paredes ou em caixas de correio, algumas são mesmo respondidas por voluntários da “Clube di Giulietta”.
As Cartas de Julieta
Para mim, um dos aspetos mais bonitos da visita foi ver como milhares de pessoas, de todas as idades e países, escrevem cartas dirigidas a Julieta. São mensagens de amor, confissões, dúvidas e até pedidos de conselho.
Essas cartas não ficam perdidas: muitas são recolhidas e lidas por um grupo de voluntários conhecido como “Clube de Julieta” (Club di Giulietta), que existe desde a década de 1930. EEstes voluntários respondem aos remetentes, um a um.
É impressionante pensar que, séculos depois de Shakespeare, Julieta continua a ser vista como uma espécie de confidente universal do amor.
O Filme Letters to Juliet
O mito das cartas tornou-se ainda mais famoso com o filme “Letters to Juliet” (Cartas para Julieta), de 2010, protagonizado por Amanda Seyfried e Vanessa Redgrave.
O filme mostra uma jovem americana que visita Verona, encontra uma carta não respondida a Julieta e decide procurar a pessoa que a escreveu, muitos anos antes. A história mistura romance contemporâneo com a magia da tradição, e levou ainda mais turistas a escreverem cartas e a visitarem a casa.
Confesso que, quando vi o mural repleto de mensagens coloridas, lembrei-me imediatamente das cenas do filme. A ficção deu ainda mais força a esta tradição.
A tradição de tocar no seio da estátua de Julieta
E aqui entro numa parte que me deixou desconfortável. Existe a tradição de tocar no seio direito da estátua de Julieta para atrair sorte no amor. Milhares de turistas fazem-no todos os dias, de forma quase automática, como se fosse um ritual obrigatório.
Mas será que param para pensar?
Julieta, na peça, tinha apenas 13 anos. E esta prática, que parece inocente, perpetua a ideia de que o corpo feminino é um talismã público, disponível ao toque. Pessoalmente, achei embaraçoso ver filas de pessoas a passar a mão na estátua sem refletirem no que estavam a fazer.
Sim, entendo que é uma “tradição turística” e que, para muitos, é apenas uma brincadeira. Mas também acredito que é importante problematizar: até que ponto não estamos a normalizar algo desconfortável e até desrespeitoso com a figura de Julieta?
Na minha visita, preferi observar a estátua com respeito e guardar comigo a simbologia do amor, sem precisar de reproduzir gestos vazios. Se vou morrer sozinha por isso? Muito provavelmente.
A Casa de Romeu: A Outra Metade Esquecida
Pouca gente sabe, mas também existe a Casa de Romeu (Casa di Romeo) em Verona. É um edifício medieval fortificado, que teria pertencido à família Montecchi (os Montéquio, na peça).
Diferente da Casa de Julieta, não é museu nem tem o mesmo apelo turístico. Pertence a uma família privada e só se pode ver o exterior. Ainda assim, achei importante passar lá: afinal, não existe Julieta sem Romeu.
Vale a Pena Visitar a Casa de Julieta?
Na minha opinião: sim, vale muito a pena, mas com consciência. Não é um local histórico autêntico, é apenas uma encenação. Devemos pensar nele como uma homenagem e, ao mesmo tempo, um ritual coletivo de romantismo.
O que de mais autentico existe na Casa de Julieta são as cartas deixadas por pessoas anónimas. Ali percebi que, independentemente de épocas e culturas, o ser humano continua a procurar no amor uma força vital.
Como Visitar a Casa de Julieta
A atração é uma das mais procuradas de Verona e pode ser difícil comprar bilhete no momento, por estarem esgotaos, especialmente durante os meses de verão ou fins de semana. A melhor forma de evitar filas é comprar o bilhete antecipadamente online, nomeadamente através da GetYourGuide, onde além do acesso prioritário pode encontrar visitas guiadas combinadas com outros pontos da cidade.
Dica pessoal: eu comprei o bilhete sem filas na GetYourGuide e entrei sem esperar nada. Vale a pena pela tranquilidade.
Prepare a viagem
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A Casa de Julieta em Verona é mais do que uma atração turística: é um símbolo mundial do amor, do mito e da capacidade que temos de transformar ficção em realidade. Ao visitá-la, entramos numa espécie de teatro vivo onde cada um projeta os seus sonhos românticos.
Mas é também um espaço que nos convida a refletir: sobre o papel das tradições, sobre o respeito pelas figuras femininas, sobre como consumimos histórias.
Se estiver a planear visitar Verona, recomendo incluir a Casa de Julieta no seu itinerário, comprar bilhete antecipado pela GetYourGuide para evitar filas e, se tiver tempo, passar também pela Casa de Romeu.
Onde ficar em Verona
Hotéis de Luxo em Verona
- Due Torri Hotel — Um dos hotéis mais prestigiados da cidade, situado perto da Igreja de Santa Anastasia, com decoração clássica e um rooftop com vista deslumbrante.
- NH Collection Palazzo Verona — Luxo contemporâneo num palácio histórico, a poucos minutos da Arena de Verona.
- Hotel Gabbia D’Oro — Um boutique hotel luxuoso na Piazza delle Erbe, perfeito para quem procura charme e exclusividade.
Hotéis em Verona com boa relação qualidade/preço
- Hotel Accademia — Excelente localização no centro histórico, quartos confortáveis e ótimo pequeno-almoço.
- Hotel Indigo Verona – Grand Hotel Des Arts — Design elegante, bons serviços e localizado entre a estação Porta Nuova e o centro.
- Hotel Giulietta e Romeo — Mesmo ao lado da Arena; moderno, confortável e com preços competitivos.
Hotéis Baratos em Verona
- Hotel Verona — A poucos passos da Arena, com quartos simples mas modernos e bons preços.
- Hotel Siena — Uma das opções económicas mais populares, perto da Porta Nuova e com excelente relação preço/localização.
- Porta Palio Verona — Um hotel económico e confortável, ótimo para quem chega de comboio ou carro.
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