Hoje, escreve-se mais um pequeno capítulo da Pandemia: tornou-se obrigatório usar máscara na rua e em espaços públicos “sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável”. Até aí, tudo bem. Para mim faz todo o sentido e já era uma prática comum. Sempre que percebia que não podia evitar cruzar-me com outras pessoas, optava por colocar a máscara. Assim sendo, em nada me choca esta medida, já que já via imensa gente a seguir esta medida voluntariamente.
Usar máscara na rua parece-me uma atitude lógica e natural, no entanto, há outra coisa que ainda me choca: a quantidade de máscaras que vejo na rua… sozinhas. Se usar máscara na rua é uma atitude sensata, deixá-las lá, no entanto, é de lamentar. E é necessário fazer algo a esse respeito.
Assim que o uso de máscara se tornou obrigatório nos estabelecimentos e transportes, em maio, as ruas encheram-se de máscaras descartáveis espalhadas pelo chão.
As mesmas máscaras que usamos (e bem) para nos proteger de um problema, acabam abandonadas e a contribuir para outro, mais antigo e sem fim à vista: a poluição. A poluição já era um enorme problema, muito antes desta pandemia. No entanto, o aumento repentino no uso de máscaras e luvas, está a piorar e muito a situação.
Novo normal ou novo flagelo ambiental?
Segundo dados históricos revelados na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, pode-se esperar que cerca de 75% das máscaras usadas, bem como outros resíduos relacionados com a pandemia, acabarão em aterros ou a flutuar nos mares.
Infelizmente, as medidas que obrigam ao uso de máscara não foram acompanhadas por medidas que impeçam que as mesmas sejam descartadas indevidamente, como acontece, por exemplo, em Roma, Espanha ou no Luxemburgo onde atirar a máscara para o chão dá multa. E assim como acontece em Portugal em relação às beatas. Além disso, as ações de sensibilização neste sentido foram sempre muito discretas. Ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com a lavagem das mãos. Claro, a sociedade deveria saber que não pode deitar lixo para o chão. Mas não sabe. Ou parece não saber.
Dá mesma forma que se tornou normal ver uma pessoa de máscara, tornou-se normal ver as máscaras abandonadas nas ruas e passeios. Estamos todos a viver aquele que é o “novo normal”, mas esta nova realidade não pode ser acompanhada por um novo flagelo ambiental. Ou então não, não vai ficar tudo bem.
Este ano, já aprendemos a lavar as mãos, será que também conseguimos aprender a não atirar lixo para o chão?