Eu tenho de parar de devorar livros em poucos dias. Juro. Eu tenho de fazer algo da vida que não seja ler. Mas é o que eu faço ultimamente. Todos os Dias são para Sempre foi lançado dia 18, e eu já estou aqui para vos contar o que achei deste livro de Raul Minh’alma (mais um, depois de Fome e Larga Quem não te Agarra). As expectativas eram altas, muito devido aos outros livros que li do autor.
Depois dos dois livros que li de Raul Minh’alma, estava completamente ansiosa para ler esteTodos os Dias são para Sempre. A Manuscrito Editora, como sempre, foi impecável e enviou-me o livro, antes mesmo do lançamento. E claro, devorei-o em poucos dias, porque mais uma vez, o autor tinha as palavras certas. Tal como em Larga quem não te Agarra, este novo livro prendeu-me. Mais uma vez, Raul Minh’alma tinha as palavras certas, que me faziam identificar com grande parte dos textos.
Era impossível não me identificar.
“Não há dúvidas, tenho mesmo uma queda para homens ruins. Cabrões, mesmo. Sacanas sem escrúpulos. Já me rendi a esta triste realidade porque por mais que eu sofra não há forma de aprender. Quando dou por mim já estou de novo a suspirar por um bad boy. (..) Enfim, não vou lutar contra a minha natureza porque não espero vencê-la, mas há de chegar o dia em que eu vou conseguir dominá-la. Esse será o dia em que serei a bad girl da minha própria história”
Gostei muito do facto de este livro ter mais diversidade de situações do que Larga quem não te Agarra. Como se o autor tivesse saído de si, para escrever sobre situações que não são as dele, mas com igual sensibilidade. Tem textos sobre assuntos mais específicos, sobre situações que todos passamos, acho mais maduro do que o anterior – não que o anterior fosse infantil, de forma nenhuma – este conta com situações com as quais pessoas de todas as idades se vão identificar. Certos textos me faziam pensar: bem, acho que é isto que a minha mãe quer dizer ás vezes.
“Não fomos, certamente, muitas coisas que poderíamos ter sido, mas fomos pais, e não há bênção maior. Não queremos que sejas aquilo que nós nunca conseguimos ser, mas gostávamos que tivesses o que nunca pudemos ter.”
Admiro a capacidade do escritor de fazer isso, sair de si, das suas vivências particulares e colocar-se no lugar do outro, transmitindo para palavras o que outras pessoas sentem. São textos incríveis, simples, mas de grande sensibilidade, que nos deixam com uma esperança redobrada na vida, que nos incentiva a mudar o que podemos mudar e aceitar o que não podemos.
“Será justo exigirmos que alguém nos ame tal como nós somos? Então e se nós tivermos um feitio insuportável? A pessoa que está ao nosso lado, só porque nos ama, tem de o aceitar? Então e se nós estivermos constantemente a errar porque somos verdadeiramente estúpidos, a pessoa que nos ama tem de aceitar isto só porque tem de nos amar como nós somos? Então e se nós formos mesmo uma pessoa que não vale nada, que não quer saber de ninguém e faz mal a tudo e a todos, a pessoa que diz amar-nos tem de nos aceitar? Exigir a alguém que nos ame que nos aceite tal como somos é aproveitarmo-nos cobardemente do sentimento dessa pessoa por nós para sermos quem bem nos apetece.”
Eu fiquei com as expectativas em alta com Larga quem não te Agarra (podem ler aqui areview), e estava francamente ansiosa por este livro. Tinha a certeza que me poderia desiludir por criar tão grande expectativas, mas a verdade é que isso não aconteceu, de jeito nenhum. Depois de ler Fome e Larga quem não te Agarra, percebi que a evolução na escrita do autor foi brutal, melhorando a cada ano. Este livro é simplesmente incrível, mais profundo que o anterior e duvido que alguém fique indiferente a estes textos. Ter este livro é investir em nós mesmo. E sim, a pessoa que termina de o ler, é uma pessoa melhor do que a que o começou. E haverá algo melhor do que isso?
Não conhecia o autor, mas pelas passagens que deixaste, fiquei muito curiosa 🙂
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