Sinal de Transito mais antigo do mundo

Sinal de trânsito mais antigo do mundo está em Lisboa

No coração de Alfama, próximo às Portas do Sol, encontra-se uma placa de mármore discreta numa parede que pode passar despercebida aos mais desatentos, mas que possui uma grande relevância histórica. Trata-se do sinal de trânsito mais antigo do mundo. Pode ser encontrado na  parede de um prédio entre as portas com os números 26 e 28 da Rua do Salvador.

No ano de 1668, Lisboa era uma capital vibrante de um dos mais importantes reinos do planeta. A cidade atraía a nobreza e os comerciantes, que partilhavam as estreitas ruas com os cidadãos locais.

Numa época em que questões de honra frequentemente eram resolvidas através de duelos sangrentos, as disputas no trânsito podiam tornar-se assuntos sérios. Perante os frequentes conflitos, D. Pedro II mandou colocar 24 sinais de trânsito, mas apenas um sobreviveu no local original até aos dias de hoje, na Rua do Salvador. É considerado o sinal de trânsito mais antigo do mundo. Além deste, existem mais dois sinais de trânsito do mesmo ano, sendo que um deles está no interior de um edifício privado. Outro, está no número 48 da Calçada de São Vicente, mas não seria essa a sua localização original.

O sinal de trânsito mais antigo do mundo é assim uma placa de mármore que foi colocada nesse local para impor a ordem e instruir os condutores sobre as regras de tráfego, evitando conflitos e garantindo a fluidez das vias. No sinal, é possível ler: “Ano de 1686. Sua Majestade ordena que os coches, seges e liteiras que vierem da Portaria do Salvador recuem para a mesma parte”.

Por outras palavras, esse sinal indicava que os veículos que desciam a rua deveriam ceder passagem às carroças e outros meios de transporte que estivessem a subir. A presença do sinal evitava conflitos e duelos que eram comuns na época e que chegavam a resultar em feridos e mortos. O desrespeito pelas regras de trânsito davam origem a multas e, em último caso, a anos de degredo no Brasil.

O sinal de trânsito mais antigo do mundo: Uma necessidade

O problema do trânsito em Lisboa no século XVIII era considerado muito sério, a ponto de o rei ter implementado uma espécie de Código da Estrada para tentar regulamentar a circulação nas estreitas ruas da cidade. Esse conjunto de regras visava impor disciplina aos cocheiros, lacaios e liteiros, que eram os responsáveis pelo transporte na época.

Uma das medidas adotadas foi a proibição do uso de armas por esses condutores, pois havia o temor de que as discussões no trânsito pudessem resultar em confrontos violentos. Aqueles que não obedecessem a essa proibição enfrentariam penalidades rigorosas, como o pagamento de uma multa pesada no valor de 2.000 cruzados. Além disso, a consequência ainda mais grave era o risco de serem degredados para locais distantes, como Pernambuco, Baía ou Rio de Janeiro.

Essas medidas exemplificam como o trânsito caótico da época era encarado com seriedade pelas autoridades, e buscava-se coibir comportamentos inadequados e garantir a segurança nas movimentadas ruas da capital portuguesa. O Código da Estrada setecentista representa uma tentativa de controle e organização do tráfego, visando preservar a ordem e prevenir situações perigosas ou conflitos entre os condutores.

Este, claro, não é um sinal de trânsito como os que conhecemos e com os quais nos cruzamos diariamente. É um sinal que está adaptado à rua e ao local em que está, e também à época em que foi colocado.

O sinal histórico testemunha tempos passados e a importância de se estabelecer regras para garantir a segurança e a convivência harmoniosa entre as pessoas em meio ao movimento da cidade.

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1 Comment

  1. Uau! Gostei muito de saber!

    Somos pioneiros em muitas coisas que nem fazemos ideia. Um dia tenho que passar nessa rua para o poder ver ao vivo e a cores 😊

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